Priorização de Backlog: Técnicas

Priorizar um backlog de produto é essencial para garantir que a equipe de desenvolvimento foque nas tarefas que geram mais valor para o negócio. Existem diversas técnicas amplamente utilizadas para essa priorização no contexto ágil, cada uma com abordagens diferentes dependendo dos objetivos do projeto e das necessidades do time. Aqui estão as técnicas mais comuns:


1. MoSCoW (Must Have, Should Have, Could Have, Won’t Have)

  • Como funciona: Classifica os itens do backlog em quatro categorias:
    • Must Have (Deve Ter): Itens críticos e indispensáveis para o projeto.
    • Should Have (Deveria Ter): Importantes, mas não críticos.
    • Could Have (Poderia Ter): Desejáveis, mas não essenciais.
    • Won’t Have (Não Terá): Não serão incluídos nesta iteração, mas podem ser considerados no futuro.
  • Quando usar: Projetos com restrição de tempo e recursos.
  • Vantagem: Simples de entender e aplicar, ajudando a identificar prioridades rapidamente.

2. Matriz de Valor x Esforço

  • Como funciona: Avalia os itens do backlog com base em dois critérios:
    • Valor: Benefício que o item trará para o cliente ou o negócio.
    • Esforço: Custo ou trabalho necessário para implementar o item.
  • Os itens são posicionados em uma matriz com quatro quadrantes:
    1. Alto valor, baixo esforço: Alta prioridade.
    2. Alto valor, alto esforço: Prioridade moderada.
    3. Baixo valor, baixo esforço: Considerar se há tempo sobrando.
    4. Baixo valor, alto esforço: Evitar.
  • Quando usar: Quando é necessário equilibrar impacto com esforço.
  • Vantagem: Ajuda a identificar “quick wins” (ganhos rápidos).

3. Weighted Shortest Job First (WSJF)

  • Como funciona: Ordena o backlog com base no valor relativo de cada item, calculado como: WSJF=Custo do AtrasoEsforc¸o\text{WSJF} = \frac{\text{Custo do Atraso}}{\text{Esforço}}WSJF=Esforc¸​oCusto do Atraso​
    • Custo do Atraso: Combina urgência, impacto no negócio e oportunidade perdida.
    • Esforço: Medida do trabalho ou complexidade para completar o item.
  • Quando usar: Projetos em que o tempo de entrega afeta significativamente o valor.
  • Vantagem: Baseia-se em dados quantitativos, ajudando a tomar decisões mais racionais.

4. Kano Model

  • Como funciona: Agrupa os itens do backlog em categorias baseadas na satisfação do cliente:
    • Requisitos Básicos: Essenciais, sem eles o produto será rejeitado.
    • Requisitos de Desempenho: Quanto mais, melhor.
    • Requisitos Delighters: Não esperados, mas encantam o cliente.
  • Quando usar: Quando o foco é a experiência do cliente.
  • Vantagem: Permite um equilíbrio entre funcionalidade essencial e elementos inovadores.

5. RICE (Reach, Impact, Confidence, Effort)

  • Como funciona: Cada item é avaliado com base em quatro fatores:
    • Reach (Alcance): Quantas pessoas serão impactadas?
    • Impact (Impacto): Qual será o efeito no objetivo desejado?
    • Confidence (Confiança): Quão certo você está sobre as estimativas?
    • Effort (Esforço): Quanto trabalho será necessário?
    • Fórmula: RICE Score=Reach×Impact×ConfidenceEffort\text{RICE Score} = \frac{\text{Reach} \times \text{Impact} \times \text{Confidence}}{\text{Effort}}RICE Score=EffortReach×Impact×Confidence​
  • Quando usar: Quando precisa de um método objetivo e escalável.
  • Vantagem: Estrutura quantitativa para decisões baseadas em impacto.

6. Prioridade baseada em ROI (Retorno sobre Investimento)

  • Como funciona: Avalia o retorno esperado de cada item no backlog em relação ao esforço necessário.
    • Itens com maior ROI (Retorno sobre Investimento) são priorizados.
  • Quando usar: Projetos focados em gerar retorno financeiro rápido.
  • Vantagem: Clareza em termos de ganhos financeiros.

7. Priorização baseada em OKRs

  • Como funciona: Os itens do backlog são priorizados com base no alinhamento com os Objetivos e Resultados-Chave (OKRs) da organização ou do produto.
  • Quando usar: Em projetos onde a estratégia e os objetivos gerais precisam ser refletidos no backlog.
  • Vantagem: Garante que o trabalho contribua diretamente para as metas organizacionais.

8. Story Mapping

  • Como funciona: Os itens do backlog são organizados em um mapa visual que mostra:
    • Fluxo do usuário: Passos que os usuários seguem ao interagir com o produto.
    • Prioridade: Funcionalidades mais importantes no topo.
  • Quando usar: Para identificar entregas incrementais e planejar sprints.
  • Vantagem: Visão clara do valor entregue ao cliente em cada iteração.

Comparação Rápida

TécnicaFoco PrincipalComplexidadeQuando Usar
MoSCoWNecessidade do negócioBaixaProjetos com escopo fixo e tempo limitado
Valor x EsforçoImpacto versus custoMédiaIdentificar “quick wins”
WSJFCusto do atraso e esforçoMédia-AltaProjetos com impacto direto do atraso
Kano ModelSatisfação do clienteMédiaFoco em experiência e inovação
RICEImpacto e alcanceMédia-AltaProjetos com múltiplos stakeholders
ROIRetorno financeiroBaixaProjetos orientados a ganhos financeiros
OKRsAlinhamento com metas estratégicasMédiaProjetos estratégicos e orientados a objetivos
Story MappingExperiência do usuárioMédiaPlanejar sprints e MVPs

Conclusão

A escolha da técnica ideal depende do tipo de projeto, do objetivo do backlog e das restrições enfrentadas pela equipe. Em geral, combinações de métodos podem ser aplicadas para maximizar o valor e eficiência do processo de priorização.